A vida humana está cercada de objetos automatizados que para funcionar melhor, precisam de substâncias específicas nem sempre fáceis de encontrar na natureza. A matéria prima que vem dos resíduos de equipamentos eletro-eletrônicos pode ser a solução para sanar um problema cada vez maior de escassez e centralização de matéria prima no planeta.
O desenvolvimento da sociedade pode ser refletido em nossa tecnologia, atualmente fortemente representada por equipamentos eletro-eletrônicos. Em todos os setores da sociedade, a automação dos processos se tornam cada vez mais frequentes, tornando nossas vidas mais fáceis nos fazendo economizar tempo com tarefas mais simples.
Teoricamente o tempo economizado pode então ser usado para se ter mais lazer ou investir na melhoria de qualidade de vida das pessoas, na prática porém, testemunhamos uma sociedade cada vez mais ocupada em gerar mais recursos para alimentar o grande consumo, cada vez mais acentuado e causado sobretudo pela necessidade de pessoas que possuírem cada vez mais … Equipamentos Eletro-Eletrônicos.
O uso da matéria prima de resíduos eletrônicos nos processos de automação
A tecnologia de automação está cada vez mais presente em setores da sociedade moderna que antes não se via. Há muito saíram dos computadores para nossos celulares, aparelhos de multimídia como rádios, televisores, vídeo games, … e chegam com muita força nos automóveis, eletro-domésticos e com isso, equipamentos eletrônicos surgem quase que diariamente prometendo solucionar os problemas mais diversos.
Os recursos naturais para a fabricação desses equipamentos são limitados às condições do nosso planeta e não há outra solução para o futuro senão o reaproveitamento de resíduos, o que promete fazer do setor de reciclagem em geral, uma condição para a vida humana na terra.
Apesar do esforço de alguns países, no mundo ainda não existe um equilíbrio entre a quantidade de equipamentos fabricados e o reaproveitamento de resíduos. A consequência é simples de entender, cada vez mais devastamos nossas florestas, poluímos nossos rios e mares e também o ar que respiramos.
No mundo inteiro, o percentual de resíduos sólidos eletrônicos é o que mais aumenta com uma taxa de crescimento anual oscilando entre 3 e 5%. Entre os principais motivos temos o crescimento econômico dos países e o fato de que a vida útil dos produtos está cada vez menor impulsionada entre outras coisas, pelo desenvolvimento rápido de tecnologias modernas. Para se ter uma idéia, até o ano de 2005, a maioria das pessoas ficava com um aparelho de celular por cerca de 2 anos. No final de 2013 esse tempo se reduziu a alguns meses.
Por quê usar matéria prima com alto valor de mercado?
O ouro é um excelente condutor elétrico e essencial em equipamentos que precisam de boa condução de dados. Todos os anos os fabricantes de smartphones, laptops, tablet e PCs utilizam cerca de 320 toneladas de ouro (8% da produção mundial) e 7.500 toneladas de prata para a sua produção. O preço para essa quantidade de metal precioso está atualmente estimado em cerca de 17 bilhões de euros.
O uso de terras raras em equipamentos eletro-eletrônicos nos possibilita a fabricação de ímãs com maior potência, supercondutores, materiais mais resistentes, entre outras coisas. Quando a China, atualmente o maior produtor de terras raras no mundo, introduziu restrições drásticas sobre as exportações de terras raras em 2010 e os preços de neodímio, lantânio e os outros 14 metais e óxidos deste grupo aumentaram em cerca de oito vezes. Empresas e políticos do mundo inteiro se deram conta da dependência dolorosa desses materiais e a partir de então, há um grande movimento para o reaproveitamento desses materiais. Atualmente 97% por cento das terras raras, que são essenciais para a produção de usinas de energia solar e eólica, Vem da China.
Garantir a oferta de matérias-primas é tão importante quanto a expansão da reciclagem de metais como fator econômico, diz Christian Hagelüken, que lidera o desenvolvimento de negócios do grupo de tecnologia de materiais Umicore, líder mundial neste campo. Em um futuro próximo, os depósitos de metais estratégicos serão as fontes de matéria prima da sociedade.
Qual o posicionamento do Brasil no mercado internacional?
Seguindo os exemplos de países desenvolvidos, o Brasil persegue o objetivo de ter uma produção sustentável e com isso gera grandes oportunidades de negócios para os mais atentos. “A mina do futuro está no seu bolso, de pé no balcão ou estacionado em frente da casa: telefones celulares, laptops e carros contêm muitos metais nobres e raros que podem ser reciclados e reaproveitados.” Diz Hagelüken.
Para se ter uma ideia, a partir de 40 telefones celulares antigos podem ser recuperados a mesma quantidade de ouro que uma tonelada de minério. Placas de circuito impresso de computadores podem conter até 200 gramas de ouro.
Quanto mais veículos híbridos e elétricos são fabricados, mais são necessários materiais como cobalto, platina (derivados principalmente de países da África) e terras raras (China). Christian Hagelüken estima que aproximadamente pelo menos 20% por cento da demanda de cobalto poderia ser fornecida da reciclagem.
Em vários países a mineração urbana (urban minig) já é uma realidade e empresários estão ganhando muito com isso. Um dos principais motivos é que a concentração de metais em lixo eletrônico é muito maior do que nas minas e o processo de mineração acontece próximo à centros urbanos, o que reduz drasticamente o investimento em máquinas, pessoal e diminui em até 80% os custos com logística.