Gás de aterro. O que os aterros sanitários e emissão de gases do efeito estufa tem a ver com produção de energia limpa? Pois é, tem se discutido muito sobre como a expansão das cidades pressiona a demanda por recursos e energia. Em decorrência disso, há o crescimento da produção de resíduos sólidos e das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Por outro lado nos debates vem à tona a preocupação com o meio ambiente. Dessa forma, quais medidas a serem tomadas para equilibrar a balança a favor da sustentabilidade?Na perspectiva da gestão dos resíduos sólidos brasileira, a destinação ambientalmente adequada mais utilizada é a técnica de aterro sanitário. Em suma, consiste na disposição e aterramento dos resíduos sólidos. Assim utilizando-se técnicas de engenharia para a drenagem e tratamento do chorume concomitante com a eliminação dos GEE.
“Saiba que são suas decisões, e não suas condições, que determinam o seu destino.” (Tony Robbins)
O aproveitamento energético do gás de aterro sanitário tem por definição explorar o potencial energético do metano (CH4). Em síntese, é o processo que se inicia com o captação do biogás por um sistema de tubulação. Em seguida se abastece uma central termelétrica que transforma o gás metano em energia elétrica mediante a combustão.O metano é o principal gás gerado a partir da decomposição anaeróbia da matéria orgânica confinada dentro do aterro sanitário. A fim de entender COMO FUNCIONA UM ATERRO SANITÁRIO avance para o próximo artigo.
Qual o aproveitamento energético do gás de aterro sanitário no Brasil?
No Brasil ao todo são 206 projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) registrados na UNFCCC (Abril/2018). Por certo 26 deles são de usinas de aproveitamento energético do gás de aterro sanitário.
Contando com 119 MW de capacidade de potência instalada respondendo por 0,07% da capacidade total. Com estimativa de acréscimo de 40 MW para o ano de 2017, de acordo com a ANEEL(Dez/2016).
O Projeto Aproveitamento do Biogás de Aterro Sanitário NovaGerar, Nova Iguaçu, foi pioneiro em aproveitar recursos do mercado de carbono. Previa-se assim reduzir 14 mil t de gás carbônico equivalentes em 21 anos ao gerar 654 mil MWh de energia elétrica.
Qual o potencial de produção de energia a partir do gás de aterro sanitário em São Paulo?
O estado de São Paulo conta com uma população de 45.094.866 pessoas distribuídas em 645 municípios (IBGE, 2017). Por certo 601 possuem o aterro sanitário próprio (IQR: Adequado) e/ou envia os resíduos para aterros particulares em outros municípios. Segundo o Inventário Estadual dos Resíduos Sólidos Urbanos (CETESB, 2016), produziu-se 38.994,8 ton/dia de RSU no estado. Assim com base nesses dados é possível debater quais são os aterros que receberam a quantidade mínima de resíduos sólidos (> 200 ton/dia). Para que seja possível a comercialização de energia recuperada do aterro, como demonstrado no estudo de FREITAS e MAKIYA (2012).Empregando-se a metodologia das autoras supracitadas e atualizando as informações, temos a seguinte relação com 26 aterros sanitários. Tabela 1: Aterros do Estado de São Paulo que podem ser feita a recuperação de energética de biogás. Fonte: FREITAS e MAKIYA Adaptado.De acordo com a Tabela 1 foram destinados 34.140,36 ton/dia aos 26 aterros sanitários. Esse montante de resíduos sólidos tem potencial de produção máxima de 6.113.524.319 m³/ano de biogás. Ainda por cima a geração de energia líquida a partir desse volume abasteceria cerca de 1.925.700 família/mês. Por exemplo isso equivale a população da cidade do Rio de Janeiro.Agora você consegue avistar o potencial dos aterros sanitários na produção de energia a partir de biogás no estado? Que tal abranger esse estudo para o seu estado? Para aprofundarmos mais a nossa conversa sobre o tema entendaComo funciona um Aterro Sanitário.
Qual a viabilidade econômica do projeto de aproveitamento de gás de aterro no Brasil?
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), prevê a compra da eletricidade do biogás de aterro. Inesperadamente nenhum projeto foi apresentado devido ao preço não ser atrativo o suficiente, e também ao alto índice de nacionalização.Todos os créditos de carbono gerados em projetos financiados pelo PROINFA são atribuídos à Centrais Elétricas Brasileiras – Eletrobrás. Esse fato certamente pesou na decisão dos empreendedores do setor. Apesar da viabilidade técnica, devem ser discutidas políticas de incentivo econômico visando melhorias, para viabilizar a implantação de novos projetos.Portanto, construir um aterro sanitário com o objetivo principal de vender energia elétrica a partir do biogás é economicamente inviável. Dessa maneira, entende-se que o aproveitamento energético do gás de aterro deve ser encarado como uma atividade secundária ou complementar.O modo ideal de gerar biogás a partir da matéria orgânica é com uso de biodigestores automatizados. Pois todo o processo é controlado a fim de evitar desperdícios, garantindo a eficiência e a lucratividade.Acesse o artigo: Biodigestores – Princípio, tipos e viabilidade econômica e entre para um seleto grupo de empreendedores do setor. Aprenda como ganhar dinheiro com a geração de biogás no Brasil com projetos consolidados que são sucesso na Europa.
REFERÊNCIAS:
Artigo atualizado em 25 de maio de 2018, por André Luís Ferreira, Engenheiro Ambiental e Sanitarista.
- UNFCCC – Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima, 2018. Disponível em: https://cdm.unfccc.int/Projects/projsearch.html. Acesso em: Abril, 2018.
- Ministério de Minas e Energia, 2017 – Resenha Energética Brasileira. Disponível em: . Acesso em: Abril, 2018.
- IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em Abril, 2018.
- Inventário Estadual dos Resíduos Urbanos 2016, CETESB. Disponível em: https://goo.gl/mkC3Tx. Acesso em: Abril, 2018.
- FREITAS, C. O. Potencial Energético a Partir do Biogás Proveniente de Aterros Sanitários no Estado de São Paulo. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/bibliotecaDigital/20919_arquivo.pdf. Acesso em: Abril, 2018.