Constantemente recebemos emails de investidores nacionais e até estrangeiros interessados nos mais diversos empreendimentos que nos fazem sempre a mesma pergunta: Como investir no setor de resíduos sólidos?
Entender essa questão é fundamental para conseguir bons negócios nesse setor. São diversos os fatores que podem influenciar positivamente ou negativamente nos negócios. Desde a legislação municipal até mesmo um bom planejamento do projeto como um todo, podem ser a chave que vão garantir o caminho para os grandes lucros.
1 – O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
Em qualquer país do mundo, antes de investir é necessário ter a segurança de uma política pública de longa duração, que regulamente o setor de forma clara e transparente definindo por exemplo que produtos reciclados tem prioridade na aquisição por parte do poder público local. Essa definição estimula por exemplo as empresas do setor de reciclagem a produzirem no município.
Vejamos o exemplo de uma usina de reciclagem de papel. O investidor monta uma usina de reciclagem e tem a segurança de que pelo menos o poder publico municipal irá comprar, obrigatoriamente, seus produtos para a administração, hospitais, escolas, universidades e outros setores públicos municipais. O mesmo princípio se aplica a praticamente todos os setores da reciclagem.
Com o objetivo de uma explicação mais clara, listamos aqui o passo a passo para que você possa alcançar o seu objetivo da forma mais rápida e efetiva possível. Veja na figura abaixo, quais os principais pontos a serem considerados:
No caso do tratamento de resíduos orgânicos através de biodigestores, é importante para o investidor garantir que terá acesso aos resíduos orgânicos durante o tempo de vida do seu projeto assim como, que possa vender sua energia e biofertilizante de forma garantida. A justificação para essa garantia por parte do poder público é o fato de que projetos como este, geram emprego e renda, protegem o meio ambiente e tratam os resíduos orgânicos de maneira correta e hoje constituem uma das melhores formas de se praticar de fato o desenvolvimento sustentável.
Tais regulamentações podem ser inicialmente definidas em um Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Municipal. No Brasil, a Lei 12.305/2010 condiciona o acesso a recursos públicos à elaboração de tais planos. Em países desenvolvidos, tais planos já se transformaram em Lei Públicas Municipais.

Então o que fazer? Cobrar dos gestores públicos municipais a elaboração desses planos! Enquanto não houver planos, não há garantia de estabilidade dos empreendimentos e os investidores se retraem.
2 – Elaboração de um Plano de Negócio específico
Tendo o município um Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, é hora de planejar o empreendimento específico. Todo e qualquer investimento necessita de planejamento para que se reduzam as chances de fracasso logo em seu primeiro ano de vida. Usinas de reciclagem, biodigestores, aterros sanitários, estações de tratamento de água e esgoto, … todas essas centrais são concebidas em função de sua capacidade de processamento e material a ser processado. Para isso é vital elaborar um estudo com o diagnóstico dos resíduos, um estudo de mercado e cálculos de viabilidade econômica do empreendimento em questão.
Na Alemanha existem quase 8.000 biodigestores (2014), e todos possuem suas particularidades decorrente do estudo de cada caso.
O Plano de Negócio é um documento que deve apresentar diferentes cenários para os investidores interessados e deve ser elaborado por profissionais qualificados e com experiência no ramo. É com base no Plano de Negócio que um investidor deve definir o melhor modelo de negócio para o seu empreendimento e assim, entrar com sucesso no mercado.
Em cidades sem regulamentação do setor de resíduos sólidos, aconselha-se investir somente no tratamento de resíduos do setor privado, de preferência em um ciclo pequeno e fechado. Um bom exemplo disso seria a construção de um biodigestor para o tratamento dos resíduos orgânicos de um frigorífico, em um modelo de negócio onde o frigorífico é o fornecedor de matéria prima e também consumidor da energia e biofertilizantes gerados pelo biodigestor.
3 – Construção do projeto
A construção do projeto deve ser feita por empresas especializadas no empreendimento em questão. Deve-se observar se esta empresa fará a qualificação e treinamento de funcionários que posteriormente ficarão responsáveis pela operação do projeto. Além disso, é preciso regulamentar como ocorrerá a manutenção das usinas quando estas apresentarem problemas técnicos.
Além disso, é necessário observar não somente o valor de construção do projeto, como também a qualidade e bom funcionamento da tecnologia escolhida. Vale lembrar que pra cada tipo de problema (resíduo) existem pelo menos duas soluções.
4 – Operação da usina
Após a construção, chega o momento onde o investidor finalmente começara a ver o retorno de seu investimento. Para que possa gerar renda, o projeto precisa de uma boa administração para a sua operação técnica e comercial. A qualificação e treinamento de atividades dentro das usinas é fundamental para garantir longa vida ao projeto, lembrando que a questão humana, responsável por essa operação, é suscetível a problemas de saúde, acidentes, … e precisa ser substituída sempre que necessário.
A operação de uma usina pode ser compartilhada com a empresa construtora, mas isso não é uma exigência de mercado.
Assista ao vídeo abaixo para entender melhor esse processo.
OBS: aqui foram explicadas somente o resumo dos passos gerais desse processo. Na realidade, esse procedimento é bem mais complexo e depende de fatores locais, regionais e federais.