Diagnóstico dos Resíduos – Coleta e transporte

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As informações sobre a coleta e o transporte dos diversos tipos de resíduos são bastante importantes, tanto para a confirmação das quantidades geradas, como para o reconhecimento dos fluxos origem-destino, como para a identificação dos agentes com os quais deverá ser estabelecido o diálogo e induzida sua participação no processo, para garantia da eficácia do PGIRS e devem estar contidas de forma clara no capítulo Diagnóstico dos Resíduos – Coleta e transporte.

São vários os tipos de veículos transportadores utilizados na coleta realizada nos municípios brasileiros. O diagnóstico precisa apontar, na peculiaridade da situação local, como são exercidas estas atividades e como são avaliadas, ao menos qualitativamente. Torna-se importante o registro, para todos os tipos de resíduos, da ocorrência ou não de pesagem. É importante também que o registro das quantidades seja feito em base mensal, para que seja evitada contradição de dados entre municípios com frequência diversa de coleta.

Há necessidade que o diagnóstico descreva o índice de cobertura que a coleta atinge e os tipos de veículos utilizados. Sobre estes dados deve ser desenvolvida uma análise qualitativa. A cobertura atual é significativa? Está muito distante a universalização da coleta destes resíduos? O número de veículos é adequado? Seu estado de conservação é adequado? A frequência com que a coleta é realizada é suficiente? Como são atendidas vilas, distritos e áreas de habitação subnormal ? Há limite de volume para o serviço público de coleta? Existe pesquisa de satisfação dos usuários com o serviço?

Aprenda a quantificar e classificar os resíduos de acordo com a Lista Europeia dos Resíduos e da ABNT NBR 10004/2004.

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES – RSD COLETA CONVENCIONAL

Além das questões anteriores, o diagnóstico precisa analisar os procedimentos dos usuários em relação à coleta. Os geradores obedecem o horário para a disponibilização dos resíduos à coleta? Qual o percentual destes resíduos são coletados fora do sistema porta a porta?

O SNIS 2009 revelou os tipos de equipamentos mais frequentemente utilizados na coleta e transporte e revelou que a taxa de cobertura da coleta domiciliar nos 1.698 municípios pesquisados foi de 93,4% em relação à população total. Já o SNIS 2008 apontou que quase 70% dos municípios coletam com frequência de duas a três vezes por semana.

Não havendo pesagem destes resíduos, a expressão do volume coletado (número de viagens multiplicado pela capacidade do equipamento) em toneladas pode ser feita com o uso dos indicadores de massa específica aparente indicados neste item.

A solução de coleta e transporte apontada para estes resíduos muito provavelmente será a mesma também utilizada para os resíduos sólidos domiciliares úmidos e os rejeitos, para os resíduos dos serviços de transportes e para a parte dos resíduos cemiteriais que se assemelhe aos domiciliares.

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES – RSD SECOS

O diagnóstico precisa descrever a abrangência da eventual coleta diferenciada dos resíduos secos, exprimindo-a em porcentagem da população atendida em relação à população total e outros aspectos citados neste item. Não havendo pesagem dos resíduos, a expressão do volume coletado em toneladas pode ser feita com o indicador aqui apresentado.

Composição da frota de coleta de resíduos urbanos, segundo o tipo de veículo, Brasil 2009
Composição da frota de coleta de resíduos urbanos, segundo o tipo de veículo, Brasil 2009

Os veículos mais comumente utilizados neste tipo de coleta e transporte são os caminhões baú e os caminhões carroceria com laterais elevadas em tela. Precisam ser registrados também os veículos utilizados por agentes que não estão inseridos em iniciativas formais, como os catadores autônomos (comumente carrinhos e carroças) e os veículos de sucateiros ou aparistas. Os dados do SNIS 2009 revelam que, na média dos municípios pesquisados, são recuperados 6,2 kg anuais de resíduos por habitante, com um resultado muito mais significativo nos menores municípios.

As cidades que operam com a coleta diferenciada de alguns dos resíduos com logística reversa definida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (principalmente pilhas, baterias e eletroeletrônicos) tem utilizado os mesmos veículos que a coleta seletiva de domiciliares secos. O mesmo acontece com os municípios que operam com a coleta diferenciada de recipientes contendo resíduos de óleos comestíveis.

RESÍDUOS DA LIMPEZA PÚBLICA

A descrição da forma como é executada a coleta e transporte dos resíduos afetos a esta atividade precisa considerar que são atividades bem diversificadas, utilizando equipamentos diversificados. As limpezas de feira muitas vezes são realizadas com veículos compactadores; já o recolhimento de animais mortos é feito com veículos carroceria ou basculante, assim como acontece mais normalmente com a coleta e transporte dos produtos da varrição.

O diagnóstico precisa indicar o índice de cobertura da varrição, e designar quais os serviços desenvolvidos como parte do conjunto designado como de limpeza pública (varrição, limpeza de feiras, recolhimento de animais mortos de pequeno e grande porte, limpeza corretiva do entulho, volumosos e domiciliares indiferenciados, poda e capina, limpeza de monumentos, outros). A análise precisa atingir uma avaliação quanto à extensão e eficiência, entre outros aspectos.

Com frequência o mesmo tipo de veículo utilizados nestas atividades comparece na coleta e transporte dos resíduos dos serviços públicos de saneamento básico, principalmente no tocante ao sistema de drenagem.

RESÍDUOS VERDES

Os resíduos provenientes de pequenas operações privadas de manutenção trafegam nos mais diversos veículos, geralmente de pequeno porte.

Já os resíduos originados das operações de manutenção em espaços públicos comumente são coletados e transportados em caminhões com carroceria de madeira, com laterais elevadas, ou mesmo em caminhões basculantes (caminhões caçamba). O diagnóstico precisa avaliar se o número de equipamentos disponibilizados para a atividade é suficiente.

RESÍDUOS VOLUMOSOS

Os resíduos volumosos quando são coletados diferenciadamente, em operações programadas do tipo “cata bagulho”, são recolhidos principalmente com caminhões com carroceria de madeira. Estas operações precisam ser avaliadas no diagnóstico. Afora esta situação, são recolhidos em operações de limpeza corretiva, no conjunto das atividades de limpeza pública.

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL – RCC

O SNIS 2008 revelou que a coleta e transporte dos RCC era realizada, em mais de 75% dos municípios pesquisados, por múltiplos agentes operando nas cidades; em alguns municípios, entre estes vários agentes se destacam os caminhões basculantes (caçambas) de condutores autônomos, em outros, os carroceiros, e nas regiões mais desenvolvidas, as empresas de remoção atuando com poliguindastes e caçambas estacionárias. Pelos dados do SNIS 2008, as prefeituras, exclusivamente, responderam pela coleta de 0,11 tonelada anual per capita – isto significa que, desconsiderada a ação dos agentes privados, os RCC são 1/3 da coleta convencional de resíduos domiciliares e públicos.

Veja no vídeo abaixo como acontece a Coleta de lixo na Holanda

O diagnóstico local precisa caracterizar bem as alternativas utilizadas para a coleta e transporte destes resíduos, a estimativa de participação de cada agente, não deixando de abordar os agentes privados que, respondendo, no conjunto, pela remoção do maior percentual da geração, são parte significativa do manejo de um resíduo que costuma ser o de presença mais constante no ambiente urbano.

Os resíduos industriais, nas maiores cidades, costumam ser operados por equipamentos com poliguindastes e caçambas estacionárias, às vezes pelos mesmos operadores dos resíduos de construção e demolição.

RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

A forma de coleta e transporte destes resíduos precisa ser relatada e analisada no diagnóstico. O SNIS 2008 relata que, predominantemente, os municípios utilizam veículos que são exclusivos para esta atividade; no entanto há presença significativa de coleta sendo realizada concomitantemente por veículos responsáveis também pela coleta de resíduos domiciliares.

Os veículos exclusivos são predominantemente de pequeno porte. O diagnóstico precisa apontar se ocorre a inexistência de coleta, se existem operadores privados inseridos nesta atividade e se a administração pública, quando atua removendo resíduos privados, cobra pelos serviços prestados. Segundo o SNIS 2008, menos de 18% dos municípios faziam esta cobrança, sendo ela predominante entre os municípios de maior porte.

Gleysson B. Machado

Gleysson B. Machado

Sou especialista em transformar problemas ambientais em negócios sustentáveis. Formado em Dip. Ing. Verfahrenstechnik (Eng. Química) pela Universidade de Ciências Aplicadas de Frankfurt/M na Alemanha com especialização e experiência em Tecnologias para geração de Energia e Engenharia Ambiental. Larga experiência em Resíduos Sólidos com foco em Biodigestores Anaeróbios
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