O que você faria se encontrasse uma obra de arte no meio do lixo? E se você fosse o autor dessa obra? Essas são algumas das perguntas que o documentário Lixo Extraordinário, dirigido por Lucy Walker e João Jardim, lançado em 2010, tenta responder. O documentário retrata o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz com catadores de material reciclável no aterro sanitário de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. O documentário aborda questões sociais, ambientais e artísticas relacionadas ao lixo e à reciclagem, mostrando como a arte pode transformar a realidade de pessoas marginalizadas pela sociedade e contribuir para a conscientização sobre o problema do lixo no mundo. O documentário foi indicado ao Oscar de melhor documentário em 2011 e recebeu diversos prêmios e elogios da crítica e do público.
O trabalho de Vik Muniz com os catadores
Vik Muniz é um artista plástico brasileiro que ficou famoso por criar obras de arte com materiais inusitados, como chocolate, açúcar, ketchup, geleia, diamantes e lixo. Em 2007, ele se interessou pelo tema do lixo e decidiu realizar um projeto artístico com os catadores de Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário da América Latina, onde cerca de 3 mil pessoas trabalhavam na coleta e separação de materiais recicláveis. Vik Muniz queria mostrar ao mundo a beleza e a dignidade dessas pessoas que viviam do lixo.
O processo de criação das obras consistiu em tirar fotografias dos catadores e depois reproduzi-las em grande escala com os materiais recicláveis coletados por eles. As obras retratavam os catadores como personagens famosos da história da arte, como Mona Lisa, David ou Marat. Vik Muniz queria criar um contraste entre o lixo e a arte, entre o descartável e o valioso, entre o invisível e o visível.
As obras foram expostas em galerias e leiloadas, gerando renda para os catadores e para a associação que os representa. Parte do dinheiro arrecadado foi usado para construir uma biblioteca, uma creche e uma cozinha comunitária no local. Vik Muniz queria devolver aos catadores parte do que eles lhe deram: sua imagem, sua história e sua colaboração.
O impacto da arte na vida dos catadores
O documentário Lixo Extraordinário apresenta alguns dos personagens principais do projeto, como Tião, Zumbi, Isis, Suelem e Magna, e conta um pouco de suas histórias de vida e de como se tornaram catadores. Alguns deles vieram de famílias pobres, outros fugiram de situações de violência ou abuso, outros buscaram no lixo uma alternativa ao tráfico ou à prostituição. Eles representam uma parcela da população brasileira que é excluída e esquecida pela sociedade.O contato com a arte mudou a forma como eles se viam e se relacionavam com os outros, valorizando sua autoestima, sua dignidade e sua cidadania. Eles se sentiram reconhecidos como seres humanos e como artistas, e descobriram novas possibilidades de expressão e de aprendizado. Eles se surpreenderam com a beleza das obras que criaram e com o interesse que despertaram nas pessoas.
Alguns deles conseguiram mudar de profissão, de moradia ou de hábitos após participarem do projeto. Tião se tornou presidente da associação dos catadores e ativista ambiental; Zumbi voltou a estudar e se formou em história; Isis conseguiu comprar uma casa própria; Suelem deixou o lixão e abriu um salão de beleza; Magna realizou o sonho de fazer uma festa de casamento. Eles realizaram seus sonhos e conquistaram sua independência.
O que aconteceu com todas as pessoas que participaram do documentário Lixo Extraordinário?
As pessoas que participaram do documentário Lixo Extraordinário tiveram destinos diferentes após o projeto. Aqui estão alguns exemplos:
- Tião (Sebastião Carlos dos Santos): Tião se tornou presidente da Associação dos Catadores de Reciclagem de Jardim Gramacho e ativista ambiental. Ele participou de conferências internacionais sobre o tema do lixo e da reciclagem, como a Rio+20 em 2012. Ele também teve sua história de vida contada em um livro lançado pela Editora Leya em 20131.
- Zumbi (José Carlos da Silva Lopes Bala): Zumbi voltou a estudar e se formou em história pela Universidade Federal Fluminense em 2014. Ele também se tornou professor e coordenador pedagógico de uma escola pública em Duque de Caxias. Ele continua envolvido com a causa dos catadores e da reciclagem2.
- Isis (Isis Rodrigues Garros): Isis conseguiu comprar uma casa própria com o dinheiro que recebeu pela venda das obras de arte. Ela também se casou com um catador chamado Rodrigo e teve um filho com ele. Ela deixou o lixão e passou a trabalhar como auxiliar de serviços gerais em uma empresa de limpeza3.
- Suelem (Suelem Pereira Dias): Suelem deixou o lixão e abriu um salão de beleza com o dinheiro que recebeu pela venda das obras de arte. Ela também se separou do pai de seus filhos, que era envolvido com o tráfico de drogas, e passou a cuidar sozinha das crianças. Ela diz que se sente mais feliz e realizada3.
- Magna (Magna de França Santos): Magna realizou o sonho de fazer uma festa de casamento com o dinheiro que recebeu pela venda das obras de arte. Ela também deixou o lixão e passou a trabalhar como empregada doméstica em uma casa de família. Ela diz que se sente mais respeitada e valorizada3.
- Irmã (Leide Laurentina da Silva): Irmã continuou trabalhando no lixão até 2012, quando o aterro sanitário foi fechado. Ela então se mudou para uma casa alugada em um bairro próximo e passou a vender salgados na rua para sobreviver. Ela diz que sente falta do lixão e dos amigos que fez lá
A reflexão sobre o lixo e a reciclagem
O documentário Lixo Extraordinário revela a realidade do lixo no Brasil e no mundo, mostrando as consequências negativas para o meio ambiente e para a saúde pública. O documentário Lixo Extraordinário mostra que o Brasil produz cerca de 240 mil toneladas de lixo por dia, sendo que apenas 2% é reciclado. O documentário também mostra os impactos do lixo na poluição do solo, da água e do ar, na emissão de gases do efeito estufa e na proliferação de doenças.O documentário Lixo Extraordinário propõe uma visão diferente sobre o lixo, que pode ser visto como um recurso valioso e uma fonte de inspiração artística. O documentário mostra que o lixo pode ser reaproveitado, transformado e valorizado, gerando benefícios econômicos, sociais e culturais. O documentário também mostra que o lixo pode ser usado como matéria-prima para criar obras de arte originais, belas e significativas.
O documentário Lixo Extraordinário ressalta a importância da reciclagem para a preservação dos recursos naturais e para a geração de emprego e renda para pessoas em situação de vulnerabilidade social. O documentário Lixo Extraordinário mostra que a reciclagem reduz o consumo de energia, água e matérias-primas não renováveis; diminui a quantidade de lixo nos aterros sanitários; contribui para a limpeza urbana; cria oportunidades de trabalho; fortalece a organização comunitária; estimula a educação ambiental; promove a inclusão social.
Lixo Extraordinário – assista o documentário completo
O documentário Lixo Extraordinário mostra como a arte pode transformar a realidade de pessoas marginalizadas pela sociedade e contribuir para a conscientização sobre o problema do lixo no mundo. O documentário Lixo Extraordinário é uma obra que sensibiliza o público para as questões sociais, ambientais e artísticas envolvidas no tema do lixo e da reciclagem. O documentário Lixo Extraordinário sugere uma reflexão crítica sobre o papel da arte na transformação da sociedade e na promoção da sustentabilidade.
Assista o documentário Lixo Extraordinário no vídeo abaixo:
Curiosidades
- Vik Muniz, paulista que vive em Nova York, é um dos artistas contemporâneos mais caros do momento.
- O filme ganhou alguns dos mais importantes festivais do mundo, entre eles o Sundance, onde recebeu o Prêmio do Júri Popular como Melhor Documentário Internacional. Na mostra Panorama do Festival de Berlim recebeu a mesma premiação.
- Em 2011, o filme também concorreu ao Oscar de melhor documentário.
- Sebastião Carlos dos Santos, o Tião, fundador e presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável do Jardim Gramacho, esteve presente tanto no Festival de Berlim quanto no Oscar. Na Alemanha foi ovacionado pela exigente plateia do festival.
- O aterro do Gramacho também foi cenário para outro documentário brasileiro, Estamira, de 2004.
- O diretor Fernando Meireles foi um dos produtores executivos do filme.