Em meio à críticas da população, Usina de queima de lixo de Colônia-Niehl na Alemanha comemora a queima de 10 milhões de toneladas de resíduos sólidos

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A usina de queima de lixo das cidades de Colônia e Niehl na Alemanha iniciou suas operações há 15 anos atrás e no dia 29 de agosto de 2013, “comemorou” o seu décimo milhão de toneladas de resíduos queimados na central. Este número é motivo de comemoração da empresa que afirma que está fazendo um bem para o meio ambiente ao queimar os resíduos inicialmente das duas cidades.

Do total queimado, 3/4 foram gerados na cidade de Colônia e o restante de cidades próximas. Com o aumento da reciclagem na Alemanha, a central passou a importar resíduos de outros países e dessa forma, de tudo o que já foi queimado na central, 0,2% vem de outros países da Europa.

Entre os tipos de resíduos queimados podemos citar o lixo doméstico, lixos de domicílios como móveis velhos, lixos do comércio e indústria e embalagens em geral. O processo de queima envolve uma termoelétrica que também produz energia. A venda da energia ajuda a pagar uma parte das despesas operacionais da empresa AVG. Somente no ano de 2012 foram produzidos 340 milhões de kWh gerando energia para 240.000 cidadãos de Colônia. Segunda a empresa operadora, a Usina de Queima de Lixo de Colônia-Niehl é uma das mais confiáveis e limpas da Alemanha em sua categoria e ainda uma das mais baratas. Os municípios que destinam seus resíduos a central pagam atualmente € 121,31 para queimar uma tonelada de resíduos. Segundo a empresa, essa é a menor taxa existente em todo o estado de Norte-Vestfália (Nordrhein Westfalen) na Alemanha.

Por outro lado, os críticos da central desde a sua concepção já afirmavam que a central foi construída com uma capacidade muito superior a quantidade de resíduos gerados nas cidades envolvidas. Após 15 anos de operação a cidade pode constatar que eles estavam certos. A cidade investe cada vez mais em desenvolvimento sustentável, seguindo os princípios da economia circular destinando cada vez mais resíduos para a reciclagem e biodigestores e investindo bastante em programas para a não geração de resíduos, cobrando das empresas processos de produção com maior eficiência energética e de uso de recursos naturais. A consequência disso para a usina de queima de lixo é que com menos lixo para queimar, a mesma precisa comprar mais gás natural para manter a produção de energia constante, o que é fundamental para um bom funcionamento da usina.

Na prática significa que a central não ganha mais tanto dinheiro ao receber o lixo para queimar e ao invés disso, precisa comprar gás para manter sua central em operação. A conta fica para a população que cada véu mais precisa pagar mais caro pela tonelada de lixo destinado a usina de queima de lixo.

Repetindo os erros da Alemanha esta São Bernardo do Campo em São Paulo que apesar de ter uma geração de 720 toneladas de lixo por dia, vai construir uma central de queima de lixo com capacidade de processamento de 1.000 toneladas por dia, e o pior, paga com o dinheiro público do contribuinte. A usina de queima de lixo de São Bernardo está estimada inicialmente em R$ 700 milhões e o projeto total em incríveis R$ 4 bilhões. A experiência com projetos desse porte nos mostra que no desenrolar destes projetos, muitas vezes eles no mínimo dobram de preço.

As promessas são que a central vai produzir energia, porém não se deixa claro que a população vai ter que pagar taxas de lixo cada vez maior para sustentar o lucro de empresas que não demonstram compromisso com o meio ambiente, já que a própria Política Nacional de Resíduos Sólidos brasileira seguindo a experiência da Alemanha estabelece que prioritariamente todo resíduos deve ser reciclado em vez de queimado. A afirmação de que não vão precisar de um aterro sanitário também é falsa pois, para aproveitar as cinzas da central é necessário investir em tecnologias e inovação e na ausência disso, já demonstrada com a própria escolha da usina de queima de resíduos sólidos pela gestão municipal, precisam seguir para uma disposição final, ou seja, para um aterro sanitário.

Enquanto o Ministério Público não reage, só resta a população ficar assistindo o mau uso do dinheiro público brasileiro.

Gleysson B. Machado

Gleysson B. Machado

Sou especialista em transformar problemas ambientais em negócios sustentáveis. Formado em Dip. Ing. Verfahrenstechnik (Eng. Química) pela Universidade de Ciências Aplicadas de Frankfurt/M na Alemanha com especialização e experiência em Tecnologias para geração de Energia e Engenharia Ambiental. Larga experiência em Resíduos Sólidos com foco em Biodigestores Anaeróbios
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