O que a falta de gestão e gerenciamento de resíduos tem haver com problemas socioambientais? 3 problemas comuns causados pela falta de saneamento. Como a ausência da gestão e gerenciamento de resíduos afeta a produtividade e a economia? Como resolver tantos problemas?
O Fórum Nacional Lixo e Cidadania da Unicef considera que as questões relacionadas ao saneamento ambiental não são tratadas com a devida urgência. Principalmente quando se refere à coleta e destinação adequada dos resíduos. Por isso é contínuo o descarte de lixo em nascentes, córregos, margens de rios, estradas e vários outros locais impróprios.
Banaliza-se os graves problemas ambientais, sociais, econômicos e de saúde pública desencadeados pela falta de gestão e gerenciamento dos resíduos. Com isso, os prejuízos se multiplicam e se acumulam em todos os setores.
O que a falta de gestão e gerenciamento de resíduos tem haver com problemas socioambientais?
A Unicef observa que a catação de lixo por seres humanos, é “regra geral” de norte a sul do Brasil e em outros países menos desenvolvidos. A poluição de mananciais, contaminação da água e do solo, assim como a extinção de biomas inteiros, comuns mundo afora, apelam para uma consciência proativa na geração, gestão e gerenciamento de resíduos sólidos.


Independente do tamanho da cidade, pessoas de várias idades, gênero e raça, como formigas, vão e vêm todos os dias numa busca desesperada por sobrevivência. Esta situação escancara também a miséria, o desemprego e a falta de empreendedorismo ambiental no processo de gerenciamento e destinação adequada dos resíduos.
Os distúrbios ambientais estão mostrando a profundidade dos danos causados pela irresponsabilidade no consumo e no descarte dos rejeitos. A saturação dos depósitos destes resíduos, fez surgir problemas graves que exigem soluções práticas com respostas imediatas e sustentáveis. E não adianta tentar fugir!
Nós, sociedade, somos responsáveis pela problemática do lixo e cabe a nós resolvê-la. As consequências que todos enfrentamos atualmente, enchentes, incêndios, furacões, entre tantos outros fenômenos, apelam para medidas urgentes onde a responsabilidade compartilhada gere empreendimentos que dinamizem gestão integrada.
3 problemas comuns causados pela falta de saneamento
AMEAÇA À SAÚDE PÚBLICA
65% das internações hospitalares em crianças menores de 10 anos estão ligadas à falta de saneamento. As doenças mais comuns são: Leptospirose, Disenteria Bacteriana, Esquistossomose, Febre Tifóide, Cólera, Parasitóides, além do agravamento das epidemias como a Dengue.
- DESIGUALDADE SOCIAL
Os impactos da falta de gerenciamento de resíduos são alarmantes: esgotos correndo a céu aberto e lixo doméstico frequentemente jogado nos rios sem qualquer tratamento. Este cenário contribui tanto para a proliferação de doenças quanto para a desigualdade social. - POLUIÇÃO AMBIENTAL
O crescimento industrial, assim como o crescimento populacional, também contribui para a poluição hídrica. Muitas empresas burlam a legislação e lançam resíduos industriais nas águas sem nenhum tratamento. Com isso, tem-se uma quantidade absurda de águas poluídas e constantes alagamentos.
Como a ausência de gerenciamento de resíduos afeta a produtividade e a economia?
Um estudo em parceria com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) denominado “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro”, aponta perda de produtividade e renda devido à falta de saneamento básico.
O acesso ao saneamento básico melhora a saúde, evita doenças, mortes e amplia oportunidades econômicas e aumenta a produtividade. Segundo a pesquisa, a renda per capita do Brasil aumentaria em 6% se todos os brasileiros tivessem acesso aos serviços básicos.
O Brasil também deixa de faturar, em média, R$8 bilhões por ano. Estes dados são do Relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O gargalo que drena este dinheiro está na infinidade de materiais recicláveis que acabam nos aterros, lixões e locais inadequados.
É urgente fazer o manejo dos resíduos e devolvendo-os à cadeia produtiva através da reutilização, reciclagem e também aproveitamento energético do lixo orgânico. Isto pode ser feito a partir de empreendimentos ambientais e projetos de gestão e gerenciamento de resíduos inteligentes e eficazes. Mas infelizmente, faltam profissionais qualificados e com visão empreendedora do vasto mercado de resíduos.

Como resolver tantos problemas?
Sem dúvidas, em um país continental como o Brasil, é impossível um único projeto de gestão e gerenciamento de resíduos ser viável a todas as regiões. Porém, é fundamental que cada cidadã e cidadão, bem como gestores públicos e setor privado se unam para traçar o plano ideal para seus municípios.
Para devolver os resíduos ao ciclo produtivo e de consumo, e fazer do lixo dinheiro, é preciso antes de qualquer coisa, conhecer a realidade de cada região. Porém, em todas elas, o projeto de gerenciamento de resíduos deve estimular a formação de uma cadeia econômica de produção.
A gestão integrada com capital, tecnologia, mão-de-obra, transporte e políticas públicas é o caminho. Pois é preciso abrir espaço e absorver pessoas que se alimentam dos restos estragados do lixo e lançá-las na oportunidade de produzir renda a partir da comercialização de produtos descartados. Apenas esta ação, já desenvolve uma parte da economia promovendo dignidade.
Em um momento de escassez de recursos financeiros e falta de vontade política, são necessários conhecimento, empreendedorismo e iniciativas coletivas. Buscar capacitação e especialização em negócios no mercado de resíduos sólidos é uma decisão que todos deveriam tomar. Porém é uma oportunidade que poucos conseguem enxergar.
Dê sua opinião, comente aqui embaixo: Você consegue ver oportunidades de negócios lucrativos no lixo?