Usina de queima de lixo – Incineradores ou Usinas Verdes

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Os incineradores de lixo recebem vários nomes de acordo com a resistência popular onde as mesmas são construídas. Os nomes mais comuns são Usinas de queima de lixo, termovalorizadores e ultimamente no Brasil também tem se adotado o nome Usinas Verdes, tentado-se assim dar a impressão de se tratar de uma solução ambientalmente correta.

Para se compreender um pouco mais sobre essas usinas é necessário saber um pouco sobre sua história. Quando as mesmas foram desenvolvidas a partir da década de 60, a consciência ambiental era outra. Não havia a definição sobre economia circular, de modo que nossa sociedade extraia, consumia e depois depositava os resíduos sólidos na natureza sem os mínimos cuidados. Os incineradores de lixo apareceram como uma solução ambientalmente correta na medida que faziam o aproveitamento energético dos resíduos, ou seja, através da queima se podia gerar energia elétrica com o processo de uma termelétrica. Toda a tecnologia para isso já existia e pode ser adaptada das usinas de carvão e outras termelétrica. Ao invés de usarem algum combustível fóssil, usavam o lixo. Como o lixo é um material heterogêneo, muitas vezes quando este se encontra muito úmido, se faz necessário usar material com maior poder de queima, como madeira ou gás natural, para manter a temperatura constante nas caldeiras. Manter a temperatura constante é essencial para o correto funcionamento de uma termelétrica.

Hoje com o maior entendimento sobre economia circular, entende-se que queimar “lixo” significa queimar recursos naturais que poderiam ser reaproveitados. A partir disso, demos uma nova definição para a palavra lixo. Hoje entendemos que o que chamamos de lixo na verdade nada mais é que resíduos sólidos. Além do mais, ao se reaproveitar os resíduos sólidos geramos emprego e renda para a população em geral. Cada vez mais aprimoramos tecnologias para esse reaproveitamento e dessa forma também temos um desenvolvimento intelectual muito grande. No final, todos ganham com o reaproveitamento dos resíduos.

O problema é que o que é solução para alguns é problema para outros. Nos resíduos sólidos os materiais com maior poder de queima são justamente os materiais recicláveis ou reutilizáveis. Ao retirá-los das centrais de incineração, retiramos poder de queima dessas centrais que precisam então substituir esses resíduos por combustíveis e assim manter a temperatura ideal para a qual a central foi construída. Com isso, quanto menos material reciclável nas centrais, mais combustível precisa ser utilizado, tornando muitas vezes a operação de uma central de incineração economicamente inviável. Dessa forma, nas milhares de centrais de incineração construídas desde a década de 60 existe uma luta incessante pelos resíduos recicláveis. Nos últimos tempos percebemos uma tendencia cada vez maior a favor da reciclagem.

Como na época da construção essa prática foi fortemente incentivada por todos os setores da sociedade e várias empresas investiram milhões de dólares na construção dessas centrais, não existe um culpado nisso tudo. O que existe é apenas a maturidade alcançada pela sociedade e o aprendizado em melhores práticas sociais e ambientais. Em países desenvolvidos praticamente não se constrói mais nenhuma central de incineração e as que existem precisam ser subsidiadas com taxas de lixo e incentivos fiscais.

A situação no Brasil

Cada vez mais no Brasil aparecerem empresas se propondo a construir as chamadas Usinas Verdes. Na verdade esse é o nome mais moderno que essas empresas acharam para as Usinas de Queima de Lixo ou também as Usinas de incineração de lixo.

Entendendo que lixo não existe e que estamos na verdade falando de resíduos sólidos, o que essas usinas na verdade fazem é a Queima de Resíduos Sólidos. Dependendo de onde e como forem implementadas, podem tirar empregos de milhares de catadores de lixo.

Gleysson B. Machado

Gleysson B. Machado

Sou especialista em transformar problemas ambientais em negócios sustentáveis. Formado em Dip. Ing. Verfahrenstechnik (Eng. Química) pela Universidade de Ciências Aplicadas de Frankfurt/M na Alemanha com especialização e experiência em Tecnologias para geração de Energia e Engenharia Ambiental. Larga experiência em Resíduos Sólidos com foco em Biodigestores Anaeróbios
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